sábado, 25 de outubro de 2008


É impressionante nossa capacidade de sentir o outro, de se pôr no lugar do outro e de ocupar a dor dele. Nós, seres humanos, somos revestidos de capacidade. Capacidade de tramar, maquinar, induzir, perverter, inverter, intervir. Não me excluo desse grupo de transeuntes eternos. Mas, dando a César o que é de César, os seres humanos são muito incapazes mesmo. Incapazes. Não de tramar, mas de auxiliar. Não de perverter, mas de orientar ao nascente. Não de inverter, mas de reverter.
É interessante como nos valorizamos a um todo. Somos deuses, astros e quase seres imortais (se a mitologia não tivesse se iniciado na Grécia, com toda certeza hoje ela estaria a todo vapor). Somos inteligentes, hábeis, críticos, pessimistas e interessantes. É, interessantes. Já parou pra imaginar quantos psicólogos que se julgam normais param para nos 'orientar'. Alguns deles terminam sendo orientados por nós. Os pobres de alma e espírito que não precisaram de ensino superior para entender as outras criaturas. Interessantes, não?
Uma catástrofe. Pode-se considerar que sim. A catástrofe da existência. Deus nos fez a sua face e semelhança, não foi isso? Ou estou enganada? Se esse Deus for igual a mim.. Nossa, a partir de hoje duvidarei dele. Um grande problema é gerado aí. O humano se julga imagem e semelhança do divino, se considera divino, consequentemente. Onde já se viu, um serzinho ridículo, limitado e omisso ser divino. Só se for para dar boas gargalhadas.
É essa vida agreste, que nos dá uma alma agreste, estou certa Graciliano? A culpa é do sistema. Já parou pra pensar se não fossemos racionais o suficiente para a criação destes sistemas? Com certeza não, a não ser um transeunte mais desocupado assim como eu. Tão pouco duvido certa vez terem parado numa avenida para observar outros transeuntes como vós e como eu. Neste ponto eu concordo que nunca o fiz também.
Enfim.
Mein Kanf.
21 de outubro de 2008.